Segue abaixo uma seleção de opiniões colhidas na Internet para entendermos a polêmica que se instalou na nossa língua pátria, com a eleição da Presidente Dilma. Ao final desta compilação, há 3 áudios e 2 vídeos que também se referem ao assunto.
Se a vontade da nossa futura Presidente é ser chamada de Presidenta, nós não a atenderemos. Simplesmente porque “presidenta” é horrível, sonoramente descabido e estilisticamente feio. Além de pejorativo como afirmativa de gênero.
Como temos a opção da escolha entre o feio e o bonito, ficaremos com o bonito (pelo menos por enquanto) e também a chamaremos de a Presidente Dilma Roussef.
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O Dicionário Aurélio ensina que o feminino de presidente é presidenta. É isso mesmo, com o “a” no final. Talvez seja um pouco estranho ao ouvido por falta de costume.
No Dicionário Houaiss:
Presidenta – Acepções: substantivo feminino
1 mulher que se elege para a presidência de um país Ex.: a p. da Nicarágua
2 mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição Ex.: a p. da Academia de Letras
3 mulher que preside (algo) Ex.: a p. da sessão do congresso
4 Estatística: pouco usado - esposa do presidente
Mas, segundo o Professor Rafael Vieira, as duas formas estão corretas, e seriam intercambiáveis. Poder-se-ía dizer A PRESIDENTE DILMA ou A PRESIDENTA DILMA.
Sobre a preferência pela utilização PRESIDENTE DILMA, interessante o artigo de Marco Aurélio D’Eça: "O avanço dos estudos das línguas tem consolidado uma sentença: a sonoridade, a compreensão e a beleza rítmica da palavra se sobrepõem, quase sempre, à sua característica gramatical.
Traduzindo: entre o feio e o bonito, fica-se com o bonito.
A eleição de Dilma trouxe mais um destes elementos para debate. Ela é a presidente ou presidenta do Brasil?
Os gramáticos – como sempre – não se entendem, mas as duas formas podem ser usadas.
Exatamente por isso é que, neste blog, Dilma Rousseff será sempre chamada de a presidente do Brasil e nunca presidenta.
Simplesmente porque “presidenta” é horrível, sonoramente descabido e estilisticamente feio. Além de pejorativo como afirmativa de gênero.
Estes mesmos linguístas ensinam: “na comunicação, o importante é fazer-se entender”.
Por isto é que, neste blog, Dilma será sempre a presidente do Brasil…
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Feminino de prefeito é prefeita. De governador é governadora, assim como de ministro é ministra. Mas e o feminino de presidente? Nossa língua permite as duas possibilidades: utilizar a palavra “presidente”, precedida do artigo feminino – “a presidente” – ou usar a forma “presidenta”, que reforça a noção de gênero e parece ser a preferida de Lula e de Dilma.
O termo “presidenta” pode soar estranho a nossos ouvidos, o que é natural, afinal, teremos pela primeira vez uma mulher no cargo máximo do país. Há poucos anos não passava pela cabeça de ninguém a possibilidade concreta de uma mulher ostentar, de fato, a faixa verde-amarela. Falava-se no assunto como hipótese utópica.
Até chegar lá… Ops! Chegamos. O número de eleitoras ultrapassou o de eleitores. O voto feminino passou a ser disputado a tapa.
Tudo começou com o movimento feminista. Nos anos sessenta, as mulheres foram à luta. Queriam os mesmos direitos que os homens. Abusaram dos trajes masculinos. Desfilaram barrigas grávidas. Queimaram sutiãs em praça pública. Não deu outra. Conquistaram a universidade e o mercado de trabalho. Sentaram-se no Parlamento. Vestiram togas. Engrossaram as fileiras das Forças Armadas. Ocupar o Palácio do Planalto era questão de tempo. Não é mais.
Ao longo da ascensão, outra batalha corria solta. O alvo foi a língua. "O português é machista", decretaram elas sem ligar pra injustiça. A razão: ao englobar os gêneros, a palavra fica no masculino plural. "Meus filhos" inclui os filhos e as filhas. "Os devedores" abarca as devedoras e os devedores. "Os senadores" põe senadores e senadoras no mesmo saco. A luta pelo gênero se impôs.
José Sarney percebeu a virada. "Brasileiras e brasileiros", saudava ele. Homens e mulheres acharam a novidade simpática. O SBT aproveitou a onda. Pôs no ar a novela com o mesmo bordão. A partir daí, distinguir o gênero deixou de ser gesto de simpatia. Virou obrigação. "Meus amigos e minhas amigas", dizia FHC. "Senhores deputados e senhoras deputadas", cumprimentava Aécio Neves. "Caros senadores e caras senadoras", bradavam Suas Excelências da tribuna.
De obrigação passou a obsessão. Hoje, não faltam situações como estas: "Pedimos aos presentes e às presentes que se levantem". "Os estudantes e as estudantes devem usar uniforme." "Os debatedores e as debatedoras chegarão ao meio-dia." Nos convites, todo o cuidado é pouco. A consagrada fórmula "senhor e senhora Paulo Silva" provoca o furor delas. Melhor optar por "senhor Paulo Silva e senhora Maria Silva".
Reações ao exagero não faltam. Millôr Fernandes dirige-se às "pessoas e pessoos". Veríssimo fala em "povo e pova". Aumenta o número dos temerosos de que cheguemos ao absurdo de distinguir "humanidade e mulheridade" e "seres humano e mulherano". Daí a conclusão dos críticos: "Está certo que a língua é viva. Mas isso cheira a Odorico Paraguassu". E daí? O dicionário registra os femininos presidente e presidenta. Você decide.
Distinguir o masculino e o feminino não é questão de correção gramatical. Brasileiros refere-se a homens e mulheres nascidos nesta alegre Pindorama. Gramaticalmente recebe nota 10. Mas escorrega no feministamente correto. A razão é simples. Esconde a mulher. Deixa-a sem espaço. No discurso, a modernidade recomenda usar o masculino e o feminino. Dando visibilidade a ele e a ela, marca-se, na fala, a igualdade dos dois gêneros. No fundo, é questão de poder.
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A partir de 01 de Janeiro de 2011 teremos uma mulher assumindo a presidência do Brasil. Alguns se questionam como iremos chamá-la “a presidente” ou “a presidenta” ? Para esclarecimento, fiz uma pequena pesquisa e na “Moderna Gramática Portuguesa”, de Evanildo Bechara, ed. 37, pg. 135 e 136, encontrei o seguinte:
” O gênero nas profissões femininas - A presença, cada vez mais justamente acentuada, da mulher nas atividades profissionais que até bem pouco era exclusivas ou quase exclusivas do homem tem exigido que as linguagens não só o português - adaptem o seus sistema gramatical a estas novas realidades. [...]“
Lá também encontramos sobre o feminino dos substantivos terminados em “-e” uns há que ficam invariáveis, outros acrescentam ”-a” depois de suprimir a vogal temática: president(e) + a = presidenta. Portanto, esse substantivo enquadra-se nos que podem ficar invariáveis como podem variar.
A escolha é sua: ”A PRESIDENTA” ou “A PRESIDENTE”. O que importa é que nos, brasileiros, de forma democrática, colocamos em prática nossa cidadania.
” O gênero nas profissões femininas - A presença, cada vez mais justamente acentuada, da mulher nas atividades profissionais que até bem pouco era exclusivas ou quase exclusivas do homem tem exigido que as linguagens não só o português - adaptem o seus sistema gramatical a estas novas realidades. [...]“
Lá também encontramos sobre o feminino dos substantivos terminados em “-e” uns há que ficam invariáveis, outros acrescentam ”-a” depois de suprimir a vogal temática: president(e) + a = presidenta. Portanto, esse substantivo enquadra-se nos que podem ficar invariáveis como podem variar.
A escolha é sua: ”A PRESIDENTA” ou “A PRESIDENTE”. O que importa é que nos, brasileiros, de forma democrática, colocamos em prática nossa cidadania.
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Eleita para a Presidência da República, Dilma Rousseff suscita uma dúvida. A partir de 1° de janeiro, ela será chamada de presidente ou presidenta do Brasil? Embora as duas formas sejam aceitas pelos dicionários de língua portuguesa para definir a mulher que ocupa o cargo máximo de um país, há controvérsia entre gramáticos.
Durante a campanha, o PT usou a palavra presidenta como estratégia para reforçar Dilma como a primeira mulher na Presidência. O termo feminino foi uma forma de apresentar um diferencial à candidata, que no primeiro turno teve uma mulher como oponente, Marina Silva (PV).
Autor dos livros Português Prático e Guia Prático da Nova Ortografia, o professor Paulo Flávio Ledur avalia que seria importante ouvir a opinião de Dilma sobre a questão. Para ele, a forma presidenta é a mais adequada:
- A mulher está assumindo posições novas na sociedade. Embora se aceite a forma feminina em professora, doutora, juíza, e em outras não, eu defendo uma forma única. É claro que num primeiro momento, nós estranhamos porque é novo, mas é uma questão de hábito. A língua se faz pelo uso. Na medida em que o uso se consagra, a estranheza desaparece.
Na Argentina, houve discussão semelhante quando Cristina Kirchner se apresentou como candidata. Com a resistência ao uso da palavra presidenta pelos meios de comunicação, ela bradou em um discurso como queria ser chamada se eleita.
- Presidenta! Comecem a se acostumar. Presidentaaa... e não presidente! - disse, esticando a letra a.
Após a posse, Cristina rejeitou documentos da Casa Rosada que continham a palavra presidente ao invés de presidenta, exigindo correção e nova impressão. Atualmente, jornais como La Nación e Clarín usam a versão pedida pela presidenta. No Chile, a primeira mulher a chegar ao cargo máximo do país, Michelle Bachelet, era chamada de presidenta nos jornais El Mercurio e La Tercera, entre os mais importantes.
O professor Adalberto J. Kaspary, autor de Português Para Profissionais, defende o uso da forma comum aos dois gêneros: presidente. Para ele, respaldado pela Academia das Ciências de Lisboa, a palavra presidenta tem uma carga pejorativa. Kaspary, inclusive, aconselhou Ellen Gracie Northfleet, primeira mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal, a adotar a forma "agenérica" presidente, isto é, adequada para os dois gêneros e mais formal.
Famoso pelos programas de TV sobre língua portuguesa, o professor Pasquale Cipro Neto explica que normalmente as palavras que terminam 'nte' não tem variação. O que identifica o gênero, destaca ele, é o artigo que o precede, como por exemplo, o gerente, a gerente, o pedinte, a pedinte. O sufixo é originário do latim, do particípio presente, e segue a mesma regra atualmente no português, italiano e espanhol.
- Algumas, pelo uso, acabam se impondo também na forma feminina, como presidenta, que está em todos os dicionários e que pode perfeitamente ser usada. Se Dilma fizer questão de ser presidenta, ninguém vai poder contrariá-la. Se ela quiser ser chamada assim, terá todo o direito.
Coordenador executivo da campanha de Dilma no Estado, Ary Vanazzi diz que o debate tende a ficar mais forte agora, a partir da eleição da petista:
- Em alguns discursos, ela usou a palavra presidenta, mas depois voltou a falar presidente. Mas a campanha é uma coisa diferente. Pode haver outra definição depois da eleição, já que existirá a função de presidenta.
Durante a campanha, o PT usou a palavra presidenta como estratégia para reforçar Dilma como a primeira mulher na Presidência. O termo feminino foi uma forma de apresentar um diferencial à candidata, que no primeiro turno teve uma mulher como oponente, Marina Silva (PV).
Autor dos livros Português Prático e Guia Prático da Nova Ortografia, o professor Paulo Flávio Ledur avalia que seria importante ouvir a opinião de Dilma sobre a questão. Para ele, a forma presidenta é a mais adequada:
- A mulher está assumindo posições novas na sociedade. Embora se aceite a forma feminina em professora, doutora, juíza, e em outras não, eu defendo uma forma única. É claro que num primeiro momento, nós estranhamos porque é novo, mas é uma questão de hábito. A língua se faz pelo uso. Na medida em que o uso se consagra, a estranheza desaparece.
Na Argentina, houve discussão semelhante quando Cristina Kirchner se apresentou como candidata. Com a resistência ao uso da palavra presidenta pelos meios de comunicação, ela bradou em um discurso como queria ser chamada se eleita.
- Presidenta! Comecem a se acostumar. Presidentaaa... e não presidente! - disse, esticando a letra a.
Após a posse, Cristina rejeitou documentos da Casa Rosada que continham a palavra presidente ao invés de presidenta, exigindo correção e nova impressão. Atualmente, jornais como La Nación e Clarín usam a versão pedida pela presidenta. No Chile, a primeira mulher a chegar ao cargo máximo do país, Michelle Bachelet, era chamada de presidenta nos jornais El Mercurio e La Tercera, entre os mais importantes.
O professor Adalberto J. Kaspary, autor de Português Para Profissionais, defende o uso da forma comum aos dois gêneros: presidente. Para ele, respaldado pela Academia das Ciências de Lisboa, a palavra presidenta tem uma carga pejorativa. Kaspary, inclusive, aconselhou Ellen Gracie Northfleet, primeira mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal, a adotar a forma "agenérica" presidente, isto é, adequada para os dois gêneros e mais formal.
Famoso pelos programas de TV sobre língua portuguesa, o professor Pasquale Cipro Neto explica que normalmente as palavras que terminam 'nte' não tem variação. O que identifica o gênero, destaca ele, é o artigo que o precede, como por exemplo, o gerente, a gerente, o pedinte, a pedinte. O sufixo é originário do latim, do particípio presente, e segue a mesma regra atualmente no português, italiano e espanhol.
- Algumas, pelo uso, acabam se impondo também na forma feminina, como presidenta, que está em todos os dicionários e que pode perfeitamente ser usada. Se Dilma fizer questão de ser presidenta, ninguém vai poder contrariá-la. Se ela quiser ser chamada assim, terá todo o direito.
Coordenador executivo da campanha de Dilma no Estado, Ary Vanazzi diz que o debate tende a ficar mais forte agora, a partir da eleição da petista:
- Em alguns discursos, ela usou a palavra presidenta, mas depois voltou a falar presidente. Mas a campanha é uma coisa diferente. Pode haver outra definição depois da eleição, já que existirá a função de presidenta.
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Com a eleição da candidata Dilma Rousseff, o brasileiro vai ter, pela primeira vez, uma mulher ocupando a presidência da República. A partir de agora, é adequar o País à sua nova condição e ao correto uso do substantivo: presidente ou presidenta?
Segundo a professora Neide Mendonça, do Departamento de Letras da Universidade Católica de Pernambuco, gramaticalmente, o feminino de “presidente” é “presidenta”. “Quem faz a língua é o povo. Eu acredito que vai haver uma rejeição em relação ao feminino do substantivo”, diz a professora.
No caso da frase: “Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil”, onde o substantivo tem função morfológica de adjetivo no predicado, a regra é que a palavra fique no masculino para qualquer gênero do sujeito. Neide Mendonça explica que o Vocabulário Ortográfico da Lingua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, permite os dois usos.
Já a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Nelly Carvalho, explica que a norma canônica diz que “presidente” é um substantivo uniforme e, sendo assim, não tem variação de gênero. “Como em cliente. Ninguém fala clienta. Não existe a forma ‘presidenta’ dicionarizada”, analisa Nelly.
Mas talvez a explicação mais elucidativa seja: como se trata de um cargo, não há variação de gênero. A professora da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire) e doutoranda em Linguística pela UFPE, Ângela Torres, também defende o uso do vocábulo “presidente”.
“A norma gramatical permite certas formações de femininos, mas um estudo recente da UFPE mostra que, quando falamos de cargos, não tem que haver variação. Diante disso, é esquisito chamar ‘soldada’, ‘sargenta’. A língua permite, mas pelo perfil da sociedade, melhor optar pelo formato masculino para não haver mudança brusca. Usar ‘a presidente’ vai soar menos mal”, explica.
“Estamos em um momento de transição linguística, pode acontecer que haja uma adequação ao uso de ‘presidenta’, mas não podemos garantir”, finaliza Ângela Torres. Seguindo a orientação das especialistas, a Folha de Pernambuco usará a forma no masculino.
Segundo a professora Neide Mendonça, do Departamento de Letras da Universidade Católica de Pernambuco, gramaticalmente, o feminino de “presidente” é “presidenta”. “Quem faz a língua é o povo. Eu acredito que vai haver uma rejeição em relação ao feminino do substantivo”, diz a professora.
No caso da frase: “Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil”, onde o substantivo tem função morfológica de adjetivo no predicado, a regra é que a palavra fique no masculino para qualquer gênero do sujeito. Neide Mendonça explica que o Vocabulário Ortográfico da Lingua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, permite os dois usos.
Já a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Nelly Carvalho, explica que a norma canônica diz que “presidente” é um substantivo uniforme e, sendo assim, não tem variação de gênero. “Como em cliente. Ninguém fala clienta. Não existe a forma ‘presidenta’ dicionarizada”, analisa Nelly.
Mas talvez a explicação mais elucidativa seja: como se trata de um cargo, não há variação de gênero. A professora da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire) e doutoranda em Linguística pela UFPE, Ângela Torres, também defende o uso do vocábulo “presidente”.
“A norma gramatical permite certas formações de femininos, mas um estudo recente da UFPE mostra que, quando falamos de cargos, não tem que haver variação. Diante disso, é esquisito chamar ‘soldada’, ‘sargenta’. A língua permite, mas pelo perfil da sociedade, melhor optar pelo formato masculino para não haver mudança brusca. Usar ‘a presidente’ vai soar menos mal”, explica.
“Estamos em um momento de transição linguística, pode acontecer que haja uma adequação ao uso de ‘presidenta’, mas não podemos garantir”, finaliza Ângela Torres. Seguindo a orientação das especialistas, a Folha de Pernambuco usará a forma no masculino.
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Há um aspecto da eleição de Dilma Roussef para a presidência que nos interessa: o título que se deve dar, agora, àquela que ocupa a cadeira da presidência: “presidente” ou “presidenta”?
Tenho muito medo de argumentar a gramática, nessas horas, como em todas as outras. Ao contrário do que pensam alguns, vejo a gramática como descrição de uma norma (que pode ser a culta e também pode não ser) num dado momento, não a expressão de uma verdade de nível superior, emanada de algum ser onissapiente. Também não me venham com a boa gramática, porque boa gramática é simplesmente aquela com que concordamos. Por fim, não me falem de lógica, porque gramática não tem nada que ver com lógica. Se tivesse, não admitira exceções.
Aliás, muitos livros de lógica começam explicando que lógica e gramática andam sempre bem longe uma da outra.
Então, a que recorrer, para saber o que é certo? Essa é a pergunta das perguntas, para usar um hebraismo sintático.
Pode-se recorrer à etimologia, à analogia ou ao uso. Quanto à etimologia, “presidente”, está lá no Houaiss, vem do …latim praesìdens, éntis, particípio presente de praesidére ‘estar assentado adiante, ter o primeiro lugar; estar à testa de, dirigir, administrar’; ver sed(i)-; f.hist. sXV presidente, sXV presidemte, sXV presedemte.
Ou seja, vem de um particípio latino. Os “particípios” têm esse nome porque são, ao mesmo tempo, verbos (por isso têm tempos) e nomes (por isso são declinados), “participando” da natureza de ambos. O lado adjetivo da palavra latina pertence à segunda classe, que segue a terceira declinação. Adjetivos latinos da segunda classe têm uma só forma para o masculino e feminino. O homem sentado à frente é praesidens, a mulher sentada à frente será igualmente praesidens. À medida que o adjetivo foi se substantivando, manteve o uso e a flexão. Por isso, pela etimologia todos esses substantivos são uniformes.
Aqui, a analogia confirma a etimologia: porque paciente e cliente também servem para ambos os gêneros. Mas há quem diga “presidenta”, embora não haja quem diga “clienta” ou “pacienta”. Talvez, no futuro, o uso mude, “presidenta” venha a se tornar a norma e, por analogia, passemos a falar em clientas e pacientas.
Sabe-se lá. De um modo ou de outro, acho que você vai achar isto interessante (um texto em latim).
Pode ser que “presidenta” pegue, mas me irrita porque o objetivo é a ênfase em ser mulher. Eu não quero uma mulher presidente, nem homem, quero alguém competente. Competenta? ...Se ela tivesse sido melhor estudanta, talvez não quisesse se impor como presidenta! (Raquel Schaitza)
Na minha opinião, “presidenta” tem um quê de pejorativo (assim como chefa), embora os dicionários (ainda) não atestem essa questão. Acho que a senhora presidenta está dando um tiro no pé ao se autodenominar assim. Não é necessário forçar a expressão do gênero, basta provar que é competente, como já foi dito. Além do mais, ninguém é forçado a usar uma palavra só porque ela consta no dicionário,vide a questão do “perca” (perda) que está lá no dicionário, mas é feio de doer. (Divina)
Tenho muito medo de argumentar a gramática, nessas horas, como em todas as outras. Ao contrário do que pensam alguns, vejo a gramática como descrição de uma norma (que pode ser a culta e também pode não ser) num dado momento, não a expressão de uma verdade de nível superior, emanada de algum ser onissapiente. Também não me venham com a boa gramática, porque boa gramática é simplesmente aquela com que concordamos. Por fim, não me falem de lógica, porque gramática não tem nada que ver com lógica. Se tivesse, não admitira exceções.
Aliás, muitos livros de lógica começam explicando que lógica e gramática andam sempre bem longe uma da outra.
Então, a que recorrer, para saber o que é certo? Essa é a pergunta das perguntas, para usar um hebraismo sintático.
Pode-se recorrer à etimologia, à analogia ou ao uso. Quanto à etimologia, “presidente”, está lá no Houaiss, vem do …latim praesìdens, éntis, particípio presente de praesidére ‘estar assentado adiante, ter o primeiro lugar; estar à testa de, dirigir, administrar’; ver sed(i)-; f.hist. sXV presidente, sXV presidemte, sXV presedemte.
Ou seja, vem de um particípio latino. Os “particípios” têm esse nome porque são, ao mesmo tempo, verbos (por isso têm tempos) e nomes (por isso são declinados), “participando” da natureza de ambos. O lado adjetivo da palavra latina pertence à segunda classe, que segue a terceira declinação. Adjetivos latinos da segunda classe têm uma só forma para o masculino e feminino. O homem sentado à frente é praesidens, a mulher sentada à frente será igualmente praesidens. À medida que o adjetivo foi se substantivando, manteve o uso e a flexão. Por isso, pela etimologia todos esses substantivos são uniformes.
Aqui, a analogia confirma a etimologia: porque paciente e cliente também servem para ambos os gêneros. Mas há quem diga “presidenta”, embora não haja quem diga “clienta” ou “pacienta”. Talvez, no futuro, o uso mude, “presidenta” venha a se tornar a norma e, por analogia, passemos a falar em clientas e pacientas.
Sabe-se lá. De um modo ou de outro, acho que você vai achar isto interessante (um texto em latim).
Pode ser que “presidenta” pegue, mas me irrita porque o objetivo é a ênfase em ser mulher. Eu não quero uma mulher presidente, nem homem, quero alguém competente. Competenta? ...Se ela tivesse sido melhor estudanta, talvez não quisesse se impor como presidenta! (Raquel Schaitza)
Na minha opinião, “presidenta” tem um quê de pejorativo (assim como chefa), embora os dicionários (ainda) não atestem essa questão. Acho que a senhora presidenta está dando um tiro no pé ao se autodenominar assim. Não é necessário forçar a expressão do gênero, basta provar que é competente, como já foi dito. Além do mais, ninguém é forçado a usar uma palavra só porque ela consta no dicionário,vide a questão do “perca” (perda) que está lá no dicionário, mas é feio de doer. (Divina)
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PresidentE ou PresidentA? Tem primeira-dama? – E agora José?
Ester Castro
E o Brasil agora tem a primeira mulher na história do país comandando essa bodega.
Sendo mulher, eu deveria ter um ataque feminista e olhar para o primeiro homem na minha frente e bradar um “rá, é nóis!”, mas para ser sincera isso não faz a menor diferença pra mim. Seja lá quem for, independente de partido e sexo, aquele que presidir o país precisa fazer jus à condição e fazer um bom governo. É o mínimo.
Esse ano não votei e não teria votado na Dilma. Mas não vou torcer contra o seu governo por conta disso, afinal eu moro aqui. Apenas cabe ao povo cobrar o que é de direito e se a coisa não funcionar, que se repita o que aconteceu em 1992.
Mas indo ao que interessa, com Dilma Rousseff eleita, como ela deverá ser chamada: PresidentE ou PresidentA?
As duas formas estão corretas. O uso é livre e não incorre em erro ortográfico, somente uma questão de semântica. Portanto não se justifica o uso de aspas na palavra presidenta, a menos é claro, se for por puro sarcasmo.
E já que a presidente ou presidenta do Brasil é mulher, tem primeira-dama?
Bom, se Dilma tiver um cônjuge, ele passará a ser denominado primeiro-cavalheiro. Embora pareça estranho, não temam, é o termo correto.
É isso. Agora vamos seguir com nossas vidas…
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Tatiana Notaro
Da Folha de Pernambuco
Com a eleição da candidata Dilma Rousseff, o brasileiro vai ter, pela primeira vez, uma mulher ocupando a presidência da República. A partir de agora, é adequar o País à sua nova condição e ao correto uso do substantivo: presidente ou presidenta? Por isso, a Folha de Pernambuco procurou professores de Língua Portuguesa para explicar o uso mais adequado.
Segundo a professora Neide Mendonça, do Departamento de Letras da Universidade Católica de Pernambuco, gramaticalmente, o feminino de “presidente” é “presidenta”. “Quem faz a língua é o povo. Eu acredito que vai haver uma rejeição em relação ao feminino do substantivo”, diz a professora. No caso da fra¬se: “Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil”, onde o substantivo tem função morfológica de adjetivo no predicado, a regra é que a palavra fique no masculino para qualquer gênero do sujeito. Neide Mendonça explica que o Vocabulário Ortográfico da Lingua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, permite os dois usos.
Já a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Nelly Carvalho, explica que a norma canônica diz que “presidente” é um substantivo uniforme e, sendo assim, não tem variação de gênero. “Como em cliente. Ninguém fala clienta. Não existe a forma ‘presidenta’ dicionarizada”, analisa Nelly.Mas talvez a explicação mais elucidativa seja: como se trata de um cargo, não há variação de gênero. A professora da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire) e doutoranda em Linguística pela UFPE, Ângela Torres, também defende o uso do vocábulo “presidente”.
“A norma gramatical permite certas formações de femininos, mas um estudo recente da UFPE mostra que, quando falamos de cargos, não tem que haver variação. Diante disso, é esquisito chamar ‘soldada’, ‘sargenta’. A língua permite, mas pelo perfil da sociedade, melhor optar pelo formato masculino para não haver mudança brusca. Usar ‘a presidente’ vai soar menos mal”, explica. “Estamos em um momento de transição linguística, pode acontecer que haja uma adequação ao uso de ‘presidenta’, mas não podemos garantir”, finaliza Ângela Torres. Seguindo a orientação das especialistas, a Folha de Pernambuco usará a forma no masculino.
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A PRESIDENTE ou PRESIDENTA
Tanto faz. As duas formas, linguisticamente, são corretas e plenamente aceitáveis.
A forma PRESIDENTA segue a tendência natural de criarmos a forma feminina com o uso da desinência “a”: menino e menina, árbitro e árbitra, brasileiro e brasileira, elefante e elefanta, pintor e pintora, espanhol e espanhola, português e portuguesa.
Na língua portuguesa, temos também a opção da forma comum aos dois gêneros: o artista e a artista, o jornalista e a jornalista, o atleta e a atleta, o jovem e a jovem, o estudante e a estudante, o gerente e a gerente, o tenente e a tenente.
Há palavras que aceitam as duas possibilidades: o chefe e A CHEFE ou o chefe e A CHEFA; o parente e A PARENTE ou o parente e A PARENTA; o presidente e A PRESIDENTE ou o presidente e A PRESIDENTA…
O problema deixa, portanto, de ser uma dúvida simplista de certo ou errado, e passa a ser uma questão de preferência ou de padronização. No Brasil, é fácil constatar a preferência pela forma comum aos dois gêneros: a parente, a chefe e a presidente. É bom lembrar que a acadêmica Nélida Piñon, quando eleita, sempre se apresentou como a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira de Letras. Patrícia Amorim, desde sua eleição, sempre foi tratada como a presidente do Flamengo.
É interessante observar também que formas como CHEFA e PARENTA ganharam no português do Brasil uma carga pejorativa.
É possível, porém, que a nossa Dilma prefira ser chamada de PRESIDENTA seguindo nossa vizinha Cristina, que gosta de chamada na Argentina de LA PRESIDENTA.
Hoje ou amanhã teremos uma resposta definitiva. Espero.
Sérgio Nogueira
Tanto faz. As duas formas, linguisticamente, são corretas e plenamente aceitáveis.
A forma PRESIDENTA segue a tendência natural de criarmos a forma feminina com o uso da desinência “a”: menino e menina, árbitro e árbitra, brasileiro e brasileira, elefante e elefanta, pintor e pintora, espanhol e espanhola, português e portuguesa.
Na língua portuguesa, temos também a opção da forma comum aos dois gêneros: o artista e a artista, o jornalista e a jornalista, o atleta e a atleta, o jovem e a jovem, o estudante e a estudante, o gerente e a gerente, o tenente e a tenente.
Há palavras que aceitam as duas possibilidades: o chefe e A CHEFE ou o chefe e A CHEFA; o parente e A PARENTE ou o parente e A PARENTA; o presidente e A PRESIDENTE ou o presidente e A PRESIDENTA…
O problema deixa, portanto, de ser uma dúvida simplista de certo ou errado, e passa a ser uma questão de preferência ou de padronização. No Brasil, é fácil constatar a preferência pela forma comum aos dois gêneros: a parente, a chefe e a presidente. É bom lembrar que a acadêmica Nélida Piñon, quando eleita, sempre se apresentou como a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira de Letras. Patrícia Amorim, desde sua eleição, sempre foi tratada como a presidente do Flamengo.
É interessante observar também que formas como CHEFA e PARENTA ganharam no português do Brasil uma carga pejorativa.
É possível, porém, que a nossa Dilma prefira ser chamada de PRESIDENTA seguindo nossa vizinha Cristina, que gosta de chamada na Argentina de LA PRESIDENTA.
Hoje ou amanhã teremos uma resposta definitiva. Espero.
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Thaís Nicoleti: Dilma é presidente ou presidenta?
Thaís Nicoleti: Dilma é presidente ou presidenta?
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Professor Pasquale
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Pesquisa
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Professor Elmo
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JP online
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