-Alô !
-É o Zé!
-E aí Zé, como vai? Faz tempo que a gente não se fala. Você está sumido! E aí, está animado para o carnaval?
-Ah Antôim, os muleque tá tudo doido pra i aí, mais eu num tô quereno não!
-Porque que naõ está querendo vir?
-Ah moço,esse treim de carnavá me dexa brabo dimais! É muinto tumurto, brigaiada e um monte de coisa.
-Ah Zé, mas você tem que vir prá aproveitar um pouco.
-Ah Antôim, eu num concordo muinto cum esse negoço de carnavá. O pessoá aí num sabe pruveitá. Eis memo acaba cuá festa. Tu num lembra do ano passadu? Ó, espia só: as escola de samba passano, um monte de mulecada jogano aquelas ispuma, trapaiano o pessoá que tava desfilano... O que mais me deixa brabo é os pai dessas mulecada rino, achano engraçado... É muinto dificili.
-É mesmo Zé, falta consciência dos pais dessas crianças. O melhor seria eles não comprarem essas espumas. Isso atrapalha muito. E se cair no olho arde e pode deixar cego. Eu queria ver se fosse espirrado a espuma nesses que jogam nos outros. Será que iam gostar ?
-Ía nada! Eis ía ficá é brabo. E esses tal fanqueiro? Eis anda tudo em bando, fazeno uma ruaça danada, brigano e caçano tumurto. Dá inté medo de trazê os muleque...
-Com certeza! A violência aumenta muito no carnaval. É bom evitar ficar perto das pessoas suspeitas e que gostam de briga, mas eu acredito que vai ter um bom policiamento prá evitar as pessoas mal intencionadas.
-Carnavá é um troço bacana, mais eu acho que a prefeitura divia gastá esse dinherão que deu pru carnavá em outra tividade curturá. É muinto dinhero que eis gasta né?
-Com certeza! No meu jeito de pensar acho que devia gastar em alguma taividade para os jovens, já que no carnaval, a gente vê os jovens se prostituindo, usando droga, bebendo, brigando, entre outras coisas. Acho que a nossa administração deveria investir nos jovens, pois eles são o futuro da nossa cidade.
-Num é que tu teim razão? O ano passado eu vi umas minina meteno bronca com outro muleque bem no mei da rua. Ô negoço doido sô!
-Carnaval já não é como antigamente, Zé.
-Ôtra coisa Antôim. É que agora nóis só escuta no carnavá fanque, axé, roque. Samba que é bão num teim.
-Mas, apesar dos pesares, acredito que não vai ter muitos problemas nesse ano. Acho vai correr tudo bem.
-Eu vô levá os muleque aí pra eis vê cumé que é o carnavá na cidade, pruquê aqui na roça vai sê só máquina. Será que vai pagá pra sentá nas arquibancada?
-Acredito que não, já que gastaram tanto dinheiro com o carnaval...
-Assim ispero! Ô Antôim, é bão que eu vejo cumé que vai sê. Vô desligá. Intão fica cumbinado: vô chegá aí na quarta prá curti o carnavá todo.
-Está bom, Zé. Estou te esperando! Um grande abraço.
-Falô Antôim.
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