“KIRSCH” É POBREZA VOCABULAR
O combate ao estrangeirismo na Língua Portuguesa vem sendo alvo de discussões ao longo da década. Essa mania de utilizar palavras e expressões em outras línguas foi ganhando dimensão e tornou-se comum na paisagem urbana brasileira.
Em 2001, o deputado Aldo Rebelo criou um projeto de lei combatendo tal uso, o que provocou polêmica nacional. Para muitos era difícil condenar ações que promovessem a defesa do idioma.
No entanto, defender e valorizar a Língua como Patrimônio Nacional e elemento de identidade mais importante que a própria Bandeira é tarefa de todos que dela fazem uso – em especial – programas de caráter educativo como o quadro “SOLETRANDO’, do Caldeirão do Hulck , da Rede Globo de Televisão.
Vale lembrar ainda a orientação dada por alguns mestres da Língua Portuguesa para se evitar o uso de certos estrangeirismos como forma de valorização da cultura e preservação das raízes. Tais palavras vão sendo inseridas no contexto da língua por fatores diversos: econômicos, culturais ou até mesmo por sermos um país que respira até hoje resquícios de colônia e, naturalmente, não consegue se firmar como nação independente.
Desta forma o quadro “ SOLETRANDO”, que prima pelo bom uso do Português, concedendo oportunidades a estudantes de escolas públicas e buscando talentos escondidos em todos os rincões deste imenso país, eliminar o Estado de Minas Gerais, através de seu representante Daniel Nepomuceno Coutinho, utilizando um vocábulo de origem alemã, desconhecido pela maioria dos brasileiros, constitui uma imensa pobreza vocabular.
Ele que demonstrou segurança no domínio da Língua Portuguesa --- com suas peculiaridades ortográficas de maior ou menor complexidade --- e ultrapassou até mesmo os limites do Novo Acordo Ortográfico vigente, num talento todo especial.
Ao depararmos com um vasto universo cultural contido nos clássicos da Literatura Brasileira, através de obras e autores imortais como, por exemplo, o nacionalismo de José de Alencar e o regionalismo de Guimarães Rosa, até a originalidade de João Ubaldo Ribeiro e Raquel de Queirós --- viajando pelas escolas literárias do Trovadorismo até a contemporaneidade ---, nos perderíamos num labirinto de infinitas palavras, dispensando qualquer estrangeirismo como “ KIRSCH”, por exemplo. Seria ainda faltar com a ética o uso da palavra cujo significado é inadequado em um programa dedicado à crianças e adolescentes. Tal bebida aguçou a curiosidade de alguns de nossos alunos do Ensino Fundamental II que despertaram o desejo de prová-la.
Detentor de um profundo conhecimento vocabular, o garoto Daniel dificilmente seria vencido por qualquer palavra, desde que fosse de origem portuguesa. E palavras é que não faltam, é claro. Portanto ele certamente é e sempre será motivo de orgulho para todos os mineiros e, em especial, para nós cidadãos barbacenenses que o elegemos nosso pequeno grande Campeão!
Quanto à seleção do programa, creio que tais palavras possam colocar em xeque a credibilidade do quadro, bem como seu caráter de seriedade e imparcialidade. Deixo a sugestão de que nos próximos programas a palavra soletrada seja do mesmo nível de dificuldade para os três finalistas. Creio que será humanamente mais justo e politicamente mais correto.
DALVA DIAS MAGALHÃES
PROFESSORA DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA
ESCOLA ESTADUAL ADELAIDE BIAS FORTES
BARBACENA –MINAS GERAIS
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