-Fala Zé, como vão as coisa ?
-A rapá, eu vim aqui vê comé que ocê tá ! Cumé que tu passô de ano?
-Beim e ocê ?
-A rapá, tudo na merma. Ocê se lembra que eu disse pra tu que só iria vim depois que a istrada tivesse boa?
-A prefeitura arrumô a istrada?
-Que nada! Vim porque parô a chuva. O barro secô e aí deu pra passá de carro. Se dependê da prefeitura, tô inrolado, fico na roça inté o outro ano.
- Rsrsrs... É Zé, o negóço tá feio! Mais um ano se passô e continua a merma coisa... As rua num fôro arrumada, o calçadão tá a merma coisa, largado, ou mió, bandonado e ninguém toma providência. Como ocê diz, tamu enrolado. Tamo precisanu duma diministração tuante, que faz arguma coisa ao cidadão sandumonense.
-Só num pode se esquecê de nóis lá na roça. Aliais, já esquecero. Ispia só, procê vê. Eu tava vinu do cumpadi Jorge lá do Formoso num dia desse, aí caí cu carro num buracão. O carro tolô e foi uma difirculidade preu chegá na cidade. E vô ti contá, ô estradinha ruim sô. Muinto tempo atrás queu iscuto eis falá que vão arrumá, ou mió, asfartá a istrada, mais inté hoje, nem cáscai eis joga lá. Tem que vê lá no cumpadi Jão, em Dores! Lá continua aquelas rua cheia de buraco, tudo male arrumado. É um bisurdo moço e eis não tá nem aí pra nois. A verdade é que nois tá iguá a cachorro.
-O pior é que ainda vamu ter que aturá mais argum tempo essa diministração.
-Mai rapá, inté o cimitério tá bandonado. Nem os difunto tem sussego. Um cumpadi meu di que quando chove desce rolano inté cabeça de difunto, no morro da Biquinha. Que doidera, homi.
-Muintas pessoa tão dignada cum nossa diministração e acho que eis prefere sê criticado e num faiz nada. Ispero que neste 2010 o quadro muda e eis dão o tapa de luva.
-Agora, Antoim, tá chegano o carnavá. Aí, eu fico procupado.
-Procupado? Porque Zé?
-A rapá, essa violênça que tá rodano aí, tá danado. É facada, é tiro, paulada... Fico inté cu medo de trazê os muleque prá rua... Os jovem não tá nem aí. Eis que é curti e isquece dos bão modo. É mulecada nova usano tóchico, bebeno bebida arcólica, umas minina fazeno bobage... Boba é elas, que ni novembro vem os buneco... Aí, choca na cama que é lugá quente.
-É Zé, cuncordo. Inda mais agora com essa onda de crack, piora mais a situação. Vemo que aqui na cidade, o número de zuário desta droga cresceu e tá cresceno a cada dia. Em minha pinião, aqui na cidade podia tê arguma coisa pra tirá os jovem do mundo das droga. Privini e conscientizá, aí nossa cidade seria inda mió.
-É mermo, lá na roça também tá chei de craquero. Eis róba inté pensamento.
-Nóis teim que tomá cuidado porque os zuário desta droga tão cada dia surpreendeno. Eis aperta a campanhinha da casa e cuum capacete na mão lhe prigunta se ocê tem um dinhêro para lhe emprestá, pra colocá gasolina.
-É muita cara de pau! Lá na roça não é gasolina. Eis vem, bate na casa e pede um dinhero pra comprá leite e conta uma istória e tal. Otro dia, o cara me pediu dinhero pra comprá leite. Aí, eu falei prele me esperá que ia ir pegá um copo de leite e dá prele bebê. Ele teve a cara de pau de dizê que quiria a caixinha fechada. Aí, eu mandei ei caçá caxinha lá longe.
-É Zé... Ispero que este ano aja mudança, pois é isto qui a população ispera já faz tempo e nada contece. Queremo vê lazê pra jovem e criança, sigurança, istrutura, miorias lá prá sua roça, Zé, i também pra toda nossa rigião.
-Nóis tem que valorizá essa mulecada, porque eis é o futuro da cidade.
-Não só da cidade, mais de todo o mundo!
-Rapá, a prosa tá boa, mais vô tê que andá um mucado. Quarquer dia vorto aqui. Fica com Deus, inté na próxima.
-Vai com Deus tambeim, esse anu tem que tê mudança Zé.
-Assim ispero.
“Eu quero mudança”
Leandro C Souza ( Niquinho)
Niquinho747@hotmail.com
Recebi um PPS intitulado "O mar de Minas". No final, indicava um site que visitei e cheguei até aqui. Adorei ler esta "estorinha". Mas não é só caipira que quer mudança não, viu? Todos, ou antes, a maioria dos humanos deste planeta quer a mudança. Quase nada está bem!
ResponderExcluirBoa noite. Vou seguir o vosso blog. Muito interessante.