Seguidores

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

É preciso pensar no uso coletivo em vez de priorizar o lado estético

Estamos vendo e ouvindo muitas reclamações sobre os pisos que estão sendo colocados na reforma da Praça Bias Fortes e aproveitamos para informar a todos sobre o que ocorrerá nas outras praças, integrantes dos projetos da Rota 14-Bis.

É importante, antes que a reclamação seja geral, que todos tomem conhecimento da importância da acessibilidade e da mobilidade urbana.

“A pessoa com deficiência vive no improviso, vive carregado, vive no jeitinho”. "Todos infelizmente estão passíveis de um dia estar numa cadeira de rodas. Seja por acidente, seja por uma doença ou seja pela própria passagem do tempo e se tornar idoso e ter a mobilidade reduzida. Então parece que as pessoas continuam com aquela cultura de comigo isso nunca vai acontecer. Você construir um avião que seja acessível, um espaço que seja acessível, isso é mais fácil, mas são as pessoas que gerem esses recursos, e se elas não direcionarem para isso, nunca vai resolver”. (Billy Saga, paraplégico, um cadeirante jovem, na reportagem do Fantástico de 19/12)

A calçada é um espaço público, que faz parte do contexto urbano e não pode ser tratada da mesma forma que a casa das pessoas, onde cada um faz o que quer. O ideal é que os passeios sejam seguros e funcionais e o espaço deve ser seguro para qualquer pedestre. Por ali passam cadeirantes, idosos, crianças que apenas começaram a andar, jovens distraídos e grávidas, enfim, é preciso pensar no uso coletivo da calçada em vez de priorizar o lado estético. (Carla Dichy - arquiteta)

Uma calçada ideal começa pelo piso que pode ser de quatro tipos: pavimento intertravado, placas de concreto, ladrilho hidráulico e concreto moldado no local. Estes tipos de piso foram testados pela Prefeitura de São Paulo porque são mais seguros, oferecem acessibilidade para todos, inclusive para quem tem mobilidade reduzida. Os passeios feitos nesses padrões são bons tanto para o donos de imóveis quanto para os pedestres. (Karla Cunha, arquiteta, Karla Cunha - Arquitetura e sustentabilidade).

Não só em São Paulo como em todo o Brasil quase não há acertos quando o assunto é calçada. A Lei de Calçadas da capital, por exemplo, deveria delimitar espaços maiores para os passeios públicos”, entende Silvio Soares Macedo, professor titular de Paisagismo e chefe do departamento de Projetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). “Além disso, as pessoas não fazem manutenção necessária e chegam a invadir o espaço público com portões, vasos de plantas e outros absurdos.” Calçada danificada gera multa de R$ 92,35 a R$ 184,70 e a falta dela pode custar R$460.

Manutenção é importante para garantir o acesso

O padrão exigido para as calçadas não se limita à construção. É preciso fazer manutenção periódica para manter a funcionalidade do passeio público. “As pessoas fazem a calçada e não querem mais ter preocupação com ela”, diz Silvio Soares Macedo professor FAU/USP.

É preciso manter a calçada em boas condições, consertando rachaduras e buracos logo que surgem para garantir a passagem tranquila das pessoas”, afirma Karla Cunha.

Segundo Karla, é recomendado usar pisos táteis para facilitar a passagem de deficientes visuais e cadeirantes, assim como de pessoas com mobilidade reduzida. “Pessoas nessas condições precisam ter o caminho facilitado.”

Acerte na escolha

Donos cometem erros básicos, como calçadas em forma de rampa e com pisos escorregadios. É preciso ter bom senso na construção de calçadas. Por falta de conhecimento ou por economia, muitas pessoas cometem erros básicos ao definir como vai ser o passeio. “Tem gente que faz da calçada inteira uma rampa para a entrada de veículos, quando o correto seria de apenas 2%, como determina a lei, outros fazem calçadas tão estreitas que mal permitem a passagem de uma pessoa”, explica Maria Elena Merege Vieira, professora do curso de Arquitetura da Universidade Mackenzie.

Segundo a professora do Mackenzie, “Não se deve usar pisos escorregadios como ardósia, granito polido e mármore para evitar acidentes e quedas. É possível até intercalar pedaços de grama com os pisos escolhidos para permitir a drenagem de água”.

O ERRADO E O CERTO ERROS MAIS COMUNS
=> Inclinação exagerada, transformando a calçada em verdadeiras rampas de acesso à garagens. O passeio deve ser o mais plano possível para facilitar a passagem de qualquer tipo de pessoa com segurança.
=> Buracos e rachaduras nunca consertados.
=> Pisos escorregadios, como mármore, azulejo, granito polido e ardósia
=> Obstrução do caminho com barreiras como vasos de plantas, árvores, lixeiras e bancos.


As especificações dos projetos da Rota 14-Bis


Calçadão da Rua Antônio Ladeira: o centro da via será um tapete, marcando a área de passagem de veículos, e as bordas desenhadas como mosaicos para valorizar a passagem dos pedestres. Será utilizado o seguinte material de acabamento: piso cimentado liso desempenado pigmentado de vermelho, de cinza claro, de amarelo, de cinza escuro e de verde.

Praça Bias Fortes: a via localizada entre a praça e a Igreja do Senhor dos Passos terá uma pavimentação diferenciada do asfalto das demais vias, com acabamento em blocos de concreto intertravado, de modo a inibir a passagem de carros. Os acabamentos dos pisos das calçadas externas serão substituídos e no novo acabamento será utilizado ladrilho hidráulico e calçada de cimento liso desempenado, assim como em demais calçadas integradas pelo Projeto. Nos caminhos e áreas livres internos será utilizado o ladrilho hidráulico em composição com trechos apenas cimentados pigmentados. Serão utilizados os seguintes materiais de acabamento: ladrilho hidráulico 20x20, com base de concreto, esp. 6cm, cinza escuro ou preto), utilizado nas bordas dos calçamentos, tanto no interior da praça quanto na calçada externa; ladrilho hidráulico 20x20 (sinalização tátil de alerta), utilizado nas travessias de pedestre e em volta do telefone público, sendo amarelo o mais indicado; piso cimentado liso desempenado pigmentado de vermelho (nas vias no interior da praça e no “átrio” de entrada da igreja); piso cimentado liso desempenado pigmentado de cinza (nas calçadas ao redor da praça e da igreja); concreto intertravado (passeio e no acesso de veículos à igreja; meio-fio de concreto pré-moldado.

Praça José Antônio Pedro: ladrilho hidráulico 20x20, com base de concreto, utilizado nas bordas dos calçamentos; ladrilho hidráulico 20x20 (sinalização tátil de alerta), utilizado nas travessias de pedestre e em volta do telefone público, sendo amarelo o mais indicado; piso cimentado liso desempenado pigmentado de vermelho, de cinza, piso em paralelepípedos, meio-fio de concreto pré-moldado.

Praça São Sebastião: ladrilho hidráulico 20x20, utilizado nas bordas dos calçamentos; ladrilho hidráulico 20x20 (sinalização tátil de alerta), utilizado nas travessias de pedestre, próximo a escada e em volta do telefone público, sendo amarelo o mais indicado; piso cimentado liso desempenado pigmentado de cinza, utilizado vias internas da praça; passeio em concreto intertravado para médio tráfego cor cinza claro, de veiculas a igreja; passeio em concreto intertravado para médio tráfego cor terracota, utilizado no ponto de táxi e no alto da praça; meio-fio de concreto pré-moldado.

Praça Cesário Alvim: não temos as especificações do projeto, mas deverá seguir os outros, com a utilização de ladrilho hidráulico 20x20, com base de concreto, ladrilho hidráulico 20x20 (sinalização tátil de alerta) e piso cimentado liso desempenado pigmentado; meio-fio de concreto pré-moldado.

Piso cimentado liso desempenado e concreto são mais seguros e economicamente viáveis, em caso de reparos, porque o cimento será sempre cimento.

Se houve algum desperdício quando determinou-se a retirada de pisos, a Caixa Econômica Federal aprovou os projetos e eles devem ser executados da maneira que foram aprovados, para que a empreiteira receba o seu pagamento, que é feito por etapas e fiscalizado pela própria Caixa. Somente haverá a liberação, se o projeto estiver de acordo com as especificações nele contidas.

Não fiquemos reclamando simplesmente pelo hábito de reclamar. Paremos de priorizar o lado estético e pensemos no uso coletivo. Precisamos de praças e calçadas que ofereçam condições de mobilidade para todos: cadeirantes permanentes ou transitórios, deficientes físicos e visuais, obesos, crianças, grávidas e idosos, que todos nós o seremos um dia, com a graça de Deus.

2 comentários:

  1. É completamente viável, unir o estético ao prático e seguro. Como cidadão Sandumonense tenho direito de opinar e a minha opinião é a seguinte:
    Quem fez e quem aprovou os projetos da Rota 14bis tem mau gosto extremo. (Luminária que mais parecem um balde e corte de árvores sem necessidade. Também, se tivéssemos um secretário que entendesse pelo menos de obras!

    ResponderExcluir
  2. Vivemos em mundo de aparência, e essa sempre é posta em primeiro plano, antes bonito do que acessível. Não dá pra ser assim sempre, se o que é necessário não agrada pela exultante beleza...paciência, só quem já precisou de subir em uma calçada e não pôde sabe que acessesibilidade é o fundamental e primordial (o constrangimento e os olhares dos outros são cruéis).
    Concordo com o amigo que defende a estética, mas as industrias não se preocupam com os posrtadores de necessiades especiais e por isso não se preocupam em aliar acessibilidade e beleza (talvez este seja o pensamento de alguns de nossa sociedade).
    Espero que as obras de nossa cidade continuem a beneficiar as necessidades e depois aos olhos e ao "bom gosto" de todos.

    ResponderExcluir

Por favor leia antes de comentar:

1. Recomenda-se critérios nas postagens de comentários abaixo, uma vez que seu autor poderá ser responsabilizado judicialmente caso denigra a imagem de terceiros. O aviso serve, em especial, aos que utilizam ferramentas de postagens ocultas ou falsas, pois podem ser facilmente identificadas pelo rastreamento do IP da máquina de origem.
2. Os comentários são todos moderados;
3. Escreva apenas o que for referente ao tema;
4. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
5. Comentários Anônimos serão deletados:
6. Comentário escrito caixa alta (todas as letras maiúsculas) serão deletados.

Obrigada por sua visita e volte sempre!